sábado, 28 de junho de 2014

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Brasil vence chile nos penaltis e se classifica para a próxima fase da copa

Quatro palavras, separadas em duas frases, resumem o que aconteceu neste sábado à tarde no Mineirão. Primeiro, o que Julio César disse a Thiago Silva, instantes antes de o Brasil eliminar o Chile nas cobranças de pênalti, por 3 a 2, após empate por 1 a 1 até o fim da prorrogação, e avançar para as quartas de final da Copa do Mundo. Disse o camisa 12 ao capitão:
- Vou pegar.
E pegou. Julio César defendeu a cobrança de Pinilla, que chutou forte, mas no meio do gol. E em seguida espalmou o chute de Alexis Sánchez. Não precisou pegar o chute de Jara, que explodiu na trave e fez explodir o Mineirão. David Luiz, Marcelo e Neymar marcaram, Willian e Hulk perderam.
Julio Cesar Alexis Sanchez brasil x chile (Foto: AP)Julio César defende a cobrança de Alexis Sánchez: goleiro conduz a Seleção às quartas de final (Foto: AP)
A segunda frase que explica o jogo nasceu no meio da prorrogação, no auge da agonia, no ápice do sofrimento, quando quase não se respirava nas arquibancadas e mal se pensava em campo. O Brasil sofria e fazia sofrer.
- Eu acredito!
Foi tamanho o nervosismo, o sofrimento, que o Mineirão tratou de apelar para um grito jamais ouvido em partidas do Brasil. E a Seleção lá é time no qual é preciso declarar fé?
Neste sábado, foi preciso. Não poderia estar mais certo Luiz Felipe Scolari, quando previu que o Chile seria o adversário mais difícil possível para o Brasil nas oitavas.
Julio Cesar Jara brasil x chile (Foto: AP)Julio César pula e recebe o abraço dos jogadores após a última cobrança: herói no final (Foto: AP)
O Chile de 2014 nada tem a ver com o de 1962, 1998 ou 2010 - aqueles a quem o Brasil destroçou quando cruzou nas Copas do Mundo. A equipe treinada pelo argentino Jorge Sampaoli joga, pensa, cria problemas, enquadra Neymar, faz sofrer.
O retrospecto não entra em campo, como insistiram Felipão e seus jogadores desde que ficou definido que o confronto das oitavas de final da Copa do Mundo seria contra os fregueses. Brasil e Chile fizeram um jogo de nervos - com algum futebol no meio. O "Mineirazo" esteve sempre à espreita. Mas Julio Cesar avisou:
- Vou pegar.
O Mineirão devolveu:
- O campeão voltou.
Na próxima sexta-feira, na Arena Castelão, o Brasil enfrenta nas quartas de final o vencedor de Uruguai e Colômbia, adversários no fim da tarde deste sábado, no Maracanã. Joga sem Luiz Gustavo, suspenso pelo segundo cartão amarelo, e com Neymar, Daniel Alves, Thiago Silva, Hulk e os reservas Jô e Ramires pendurados.
Felipão Scolari comemora enquanto Neymar chora brasil e chile mineirão (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Felipão vibra, Neymar e Thiago Silva choram: alegria sofrida (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Desequilíbrio na sombra
A sombra numa faixa de gramado do Mineirão no primeiro tempo era só uma coincidência, mas o fato é que só se jogava por ali. Marcelo era o jogador mais acionado quando o Brasil tinha a bola - e o mais incomodado quando o Chile tomava as ações.
Daniel Alves colaborou para esse desequilíbrio. O lateral direito perdeu uma bola ao sair jogando, nos lances iniciais da partida, e ofereceu um contra-ataque perigoso ao Chile. Desde então, o campo se inclinou para o outro lado. O camisa 2 só voltou a aparecer a três minutos do fim do primeiro tempo, ao arriscar um chute de fora da área que obrigou Bravo fazer linda defesa.
David Luiz Gol Brasil e Chile (Foto: Agência AP)Jara desvia de chilena, bola raspa na barriga de David Luiz e vai para o gol (Foto: Agência AP)
Foi de um ataque pela esquerda que surgiu o escanteio que Neymar cobrou na cabeça de Thiago Silva. O capitão desviou no meio da área, e David Luiz entrou com Jara na segunda trave. A bola foi para a rede, desviada de chilena por Jara, mas o gol foi dado para o camisa 4, em quem a bola raspou por último, de leve, na barriga. Primeiro gol dele com a camisa amarela, o único titular que ainda não tinha marcado pela Seleção. E como gritou David Luiz, e como gritou o Mineirão.
Brasil x Chile - David Luiz  (Foto: Getty Images)David Luiz agradece ao céu pelo primeiro gol pela seleção brasileira (Foto: Getty Images)
O gol deixou o Brasil à vontade para jogar no contra-ataque. O time de Felipão desistiu de marcar por pressão, recuou suas linhas, esperou o Chile e sempre esteve mais perto de marcar o segundo do que sofrer o empate. Fred tentou, Neymar tentou, Hulk tentou - do setor ofensivo, só Oscar não arriscou contra o gol chileno.
O adversário tinha mais posse de bola - 57% a 43% de posse no primeiro tempo - mas a marcação brasileira funcionava. Vidal, que ameaçara uma atuação brilhante nos minutos iniciais, caiu num buraco negro em algum lugar entre David Luiz e Marcelo e dali não saiu. Alexis tinha que ir até a defesa para tentar alguma coisa diferente, Vargas mal via a bola.
Tanto conforto em campo se transformou em desatenção. Hulk devolveu mal um lateral cobrado por Marcelo, a bola sobrou limpa para Alexis, que venceu Julio Cesar com um chute cruzado, preciso, rasteiro: 1 a 1. O Mineirão calou - com exceção das pequenas manchas vermelhas nas arquibancadas.
Alexis Sanchez comemora gol do chile contra o Brasil (Foto: Agência Reuters)Alexis Sánchez salta para comemorar o gol diante da massa amarela e um chileno (Foto: Agência Reuters)
Jogo bruto
O Brasil voltou a tomar a iniciativa no segundo tempo. O Mineirão cantava o hino, os de pé cobravam os sentados: "Levanta!". E o time de Scolari lutava. Como na maior parte do primeiro tempo, era um jogo sujo, bruto, com mais divididas do que troca de passes, com mais faltas do que finalizações.
Hulk chegou a desempatar, mas foi flagrado por Webb dominando no braço o lançamento de Marcelo (assista ao lance no vídeo ao lado). Gol bem anulado. O Chile devolveu com uma linda tabela pela direita. Aranguiz acertou disparo de dentro da área, Julio César fez uma defesa espetacular, no contrapé. E deu pistas de que estava ali para salvar mesmo.
Felipão mexeu: trocou Fernandinho por Ramires e Fred por Jô. O Brasil agora tinha mais a bola, mas não ideias. Hulk obrigou Bravo a trabalhar, Jô furou diante do goleiro batido em cruzamento rasteiro. Quando conseguia sair das cordas, o Chile incomodava - mas finalizava mal. Depois de 16 anos, o Brasil voltou a uma prorrogação na Copa, sua sexta na história do torneio.
Cansaço psicológico
Acabou o segundo tempo, com toda uma prorrogação a disputar, dois tempos de 15 minutos que decidiriam o futuro do Brasil na Copa do Mundo. Um a um, os brasileiros caíram. Fred, substituído por Jô, entrou em campo com garrafas d'água. Enquanto isso, os chilenos se abraçaram, todos de pé. Fizeram uma rodinha, como se houvesse todo um jogo pela frente. Neymar se ajoelhou, escondeu a cabeça entre os braços, Thiago Silva parecia exausto.
Felipão scolari brasil e Chile Mineirão (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Felipão conversa com os jogadores do Brasil antes da prorrogação (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Hulk foi a exceção. O camisa 7 atravessou o campo com a bola dominada, cavou falta. Parecia querer se redimir da bobeada no gol chileno. Em seguida, cortou o campo em diagonal outra vez e chutou de longe, com força, para outra boa defesa de Bravo. Foi o mais lúcido do ataque brasileiro, que, no mais, não criou. O Chile fez pouco, pareciam eles os exaustos na prorrogação. Felipão trocou Oscar por Willian, na última substituição.
Com a respiração presa, o Mineirão assistiu a um festival de cruzamentos sem perigo, passes errados, faltas e jogadores chilenos caídos no segundo tempo. Num contra-ataque, quando os relógios do estádio mostravam 119 minutos e 40 segundos jogados, Pinilla acertou uma bomba no travessão de Julio César. Último susto antes do capítulo final nos pênaltis.
Com câimbras desde antes do apito final, Neymar desabou. Na preparação para as cobranças, o veterano Julio César expôs a tensão brasileira e chegou a derramar lágrimas. Prenúncio da emoção que ainda teria que vivenciar na partida.
David Luiz iniciou a série acertando com força no canto. A mesma firmeza com que Julio César defendeu a cobrança de Pinilla. Em seguida, Willian chutou para fora, apesar de deslocar o goleiro. Mas o camisa 12 brasileiro salvou outra, parando Alexis Sánchez. Marcelo converteu, com leve desvio de Bravo. Aranguíz encheu o pé e balançou a rede no ângulo. Hulk também bateu forte, mas o 1 chileno tirou com o pé. Díaz igualou para 2 a 2 em seguida.
Julio Cesar Jara brasil x chile (Foto: Reuters)Julio César pula no canto certo, e a bola bate na trave: sorte ajuda ao competente (Foto: Reuters)
Depois de dois erros e dois acertos para cada lado, chegou a hora decisiva. Neymar fez o dele. E ficou para Julio César a decisão. Diante do autor do gol contra marcado oficialmente para David Luiz, o goleiro não acertou o canto, mas a trave parou Jara. Além de saber sofrer, é preciso ter sorte.
Luiz Felipe Scolari Felipão  Neymar brasil x chile (Foto: Marcos Ribolli)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

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Em jogão Japão e Grécia fica no 0 a 0

O empate em 0 a 0 entre Grécia e Japão nesta quinta-feira, na Arena das Dunas, deixou as duas seleções em situação difícil no Grupo C da Copa do Mundo – 39.485 torcedores compareceram ao estádio em Natal. Com apenas um ponto somado em dois jogos, as equipes veem suas chances de classificação às oitavas de final divididas nos dois derradeiros jogos da chave. Os japoneses precisam vencer a Colômbia e torcer para que aCosta do Marfim não vença a seleção helênica. Assim, a segunda vaga seria decidida no critério de desempate. Os gregos precisam derrotar os marfinenses e torcer por um empate ou uma vitória dos colombianos diante do time nipônico.
Os resultados desta quinta-feira já asseguraram à Colômbia uma das duas vagas do grupo –mais cedo, no Mané Garrincha, em Brasília, os sul-americanos bateram os africanos por 2 a 1 e, com seis pontos ganhos, têm pelo menos o segundo lugar garantido. A terceira e última rodada acontece na próxima terça-feira, dia 24, às 16h (de Brasília). Colômbia e Japão se enfrentam na Arena Pantanal, em Cuiabá, e Grécia e Costa do Marfim entram em campo na Arena Castelão, em Fortaleza.
Japão domina, Grécia reage com um a menos
O jogo começou com o Japão comandando as ações de ataque e criando a primeira boa jogada com menos de dois minutos. Okubo passou por Cholevas, entrou na área e cruzou para Osako, que chutou em cima da marcação. Os gregos responderam em seguida, aos quatro, quando Mitroglou recebeu na área e chutou prensado com a zaga, facilitando a defesa de Kawashima. Mais bem organizados taticamente, os japoneses tocavam melhor a bola, principalmente Honda e Okubo, e aos poucos se aproximavam da área adversária. A Grécia, por sua vez, tinha problemas em fazer a ligação entre o meio do campo e o ataque. Tentava carregar a bola em vez de tocá-la em velocidade, facilitando a marcação japonesa, cuja defesa levava a melhor na maioria das disputas.
No primeiro contra-ataque bem executado pela Grécia, aos 10, Kone recebeu em velocidade no meio, avançou e chutou forte de fora da área. Kawashima defendeu sem dificuldade. A seleção helênica não mostrava jogadas ensaiadas, avançava apenas em jogadas individuais, enquanto o Japão mantinha a postura tática e ia em bloco à frente, tocando a bola com rapidez. No entanto, esbarrava na sólida defesa grega na hora de definir as jogadas. Percebendo a dificuldade de penetrar tocando a bola, os japoneses passaram a buscar os chutes de fora da área. Aos 18, Okubo tentou, e Karnezis fez boa defesa.
 Kostas Katsouranis jogo Japão x Grécia (Foto: Reuters)Já tinha amarelo: capitão da Grécia, Katsouranis é expulso após falta em Hasebe (Foto: Reuters)
O mesmo Osako fez bela jogada individual pela esquerda, aos 20, e da entrada área chutou com categoria. A bola saiu à esquerda do goleiro grego, levantando a torcida japonesa, que fazia bela festa. Em cobrança de falta aos 27, Honda obrigou Karnezis a fazer boa defesa. Os japoneses jogavam melhor, mas não traduziam em gols sua superioridade. Os gregos jogavam na defesa, fiéis ao seu estilo, e buscando os contra-ataques, principalmente com Kone, o único jogador que buscava atuar em velocidade. Aos 32, Okubo cabeceou por cima do gol a bola cruzada por Nagatomo.
Os japoneses mantinham o domínio das ações ofensivas. Capitão da Grécia, Katsouranis recebeu o segundo cartão amarelo por falta dura em Hasebe, aos 37, e acabou expulso. A partir daí, ao contrário do que se poderia esperar, os gregos passaram a levar perigo ao gol japonês e conseguiram a sua melhor oportunidade. Torosidis completou de fora da área para excelente defesa de Kawashima. Nervosos, os helênicos reclamavam da arbitragem e pressionavam Joel Aguilar a cada lance faltoso contra sua equipe. Mesmo com a melhora ofensiva dos europeus, a partida foi para o intervalo com os dois zeros no placar.
Praticamente um ataque japonês x defesa grega
O segundo tempo começou com Samaras tentando surpreender o goleiro Kawashima logo na saída de bola, mas o chute do meio do campo acabou indo para fora. O Japão continuava a tocar a bola e buscar o ataque em bloco, e os gregos, nervosos em campo, perdiam muito tempo reclamando com o árbitro. Mesmo o técnico Fernando Santos chegou a levantar-se do banco e correr em direção ao auxiliar por conta de um lateral que achou ter sido apontado erradamente para o adversário.
Enquanto os europeus mantinham a postura defensiva tradicional, o Japão mostrava mais vocação para o ataque, com o time postado para os contra-ataques sempre que roubava a bola. Honda e Okubo se apresentavam imediatamente nas laterais para tentar surpreender os adversários. Aos 11, o técnico Alberto Zaccheroni substituiu o atacante Osako pelo astro Kagawa, arrancando aplausos e gritos da torcida japonesa, que tinha o apoio dos brasileiros. A mudança visava a dar mais poder de conclusão ao time, que pecava exatamente na finalização das jogadas. Mas foi o adversário que ameaçou o gol dos japoneses, três minutos depois. Após cobrança de escanteio pela direita, Gekas cabeceou para bela defesa de Kawashima.
Yoshito Okubo jogo Japão x Grécia (Foto: EFE)Okubo lamenta um dos gols perdidos pelo Japão contra a Grécia (Foto: EFE)
Apostando na velocidade, o Japão quase abriu o placar. Em contra-ataque pelo meio, aos 21, Honda lançou Uchida na grande área. O lateral cruzou de primeira para Okubo, que, no bico da pequena área, chutou por cima. Com um homem a mais em campo, os nipônicos começavam a dominar o jogo, diante de uma Grécia desgastada fisicamente. Aos 26, após cruzamento na área e a perda da bola por Okazaki, Uchida apareceu livre e chutou para fora, na melhor chance de sua seleção até então. Nos últimos 15 minutos de jogo, a Grécia se preocupava mais em defender e evitar a derrota, dando espaço para o Japão avançar em seu campo. Aos 31, de fora da área, Okubo obrigou Karnezis a fazer uma bela defesa.
Os gregos buscavam ameaçar nas bolas paradas e, aos 35, após escanteio cobrado por Karagounis, Samaras, na risca da pequena área, cabeceou para fora. O Japão voltou a pressionar, e o clima esquentou em campo. Maniatis e Yoshida trocaram empurrões na linha lateral após uma disputa de bola. Os japoneses sabiam que tinham mais chances de sair com a vitória, pela superioridade numérica, mas não conseguiam furar o bloqueio grego. Aos 39, em jogada pela esquerda da grande área, Nagatomo chutou forte, e a bola bateu na cabeça de Yoshida, de frente para o gol, indo para fora.
A Grécia recuou ainda mais após desperdiçar uma grande chance de gol em chute de Gekas defendido por Kawashima, e o Japão se lançou de vez ao ataque, quase fazendo o gol da vitória aos 44, em bela cobrança de falta de Endo. Karnezis mergulhou e fez linda defesa no canto esquerdo. Os japoneses ainda mantiveram a posse de bola no campo rival, mas a pressão não surtiu efeito. O empate sem gols acabou sendo prejudicial para ambos, e os jogadores deixaram o campo cabisbaixos, cientes de que a classificação depende também do que acontecer no outro jogo da chave.
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Com bela apresentação de Luis Suárez Uruguai vence Inglaterra e mantem-se vivo na Copa

faixa estendida nas cadeiras da Arena Corinthians era para ser de pura provocação aos ingleses. Virou doce premonição aos uruguaios. Numa paródia do hino da Inglaterra, dizia “Deus salve… o Rei”. No caso, Luis Suárez. O herói, o salvador, o santo. Na tarde desta quinta-feira, o camisa 9 simbolizava tudo isso e um pouco mais para uma nação de 3 milhões de apaixonados. Ele não desapontou. Renasceu sobre o joelho esquerdo operado há 29 dias. Colocou nele toda a força para, em dois golpes certeiros, destronar o time da Rainha. Inclusive ofuscou Rooney, que marcou seu primeiro gol em Mundiais. O 2 a 1 foi suficiente para também resgatar o Uruguai de uma eliminação quase certa a uma possível classificação no Grupo D da Copa do Mundo. Bendita faixa… Deus salvou Suárez, que salvou o Uruguai. O fantasma de 1950 despertou outra vez.

Suárez marcou duas vezes no mesmo minuto. Nos 39 de cada tempo. Um enredo divino, como fora o passe de Cavani para o primeiro tento. No segundo, Luisito fez quase tudo sozinho após balão do milagreiro Muslera. Pobre Rooney, não conseguiu o brilho que a quebra do jejum pessoal merecia.
A tabela volta a sorrir aos uruguaios. Após perder para a Costa Rica, coleciona três pontos. A Inglaterra segue zerada. Na sexta, o Grupo D complementa a segunda rodada com o confronto entre Costa Rica e Itália. Nenhuma das equipes está eliminada. Mas os ingleses precisam torcer pelos italianos e golear a Costa Rica na rodada final, que será na terça.
Suarez gol Uruguai x Inglaterra (Foto: AP)
Nem parecia que Uruguai e Inglaterra haviam perdido na estreia e diminuído suas chances de classificação. A festa dos torcedores nos arredores de Itaquera e no interior da Arena Corinthians foi digna de final de Copa. Os charruas, como de costume, foram mais balhurentos, pareciam multiplicar as vozes já roucas de tanto gritar “Soy Celeste”. Mais do que isso, deliraram com a escalação nos telões, que estamparam o rosto dele, de Luis Suárez. Além dele, entraram Giménez, na vaga do lesionado Lugano, Álvaro Pereira, em substituição ao suspenso Maxi Pereira, e as alterações de ordem técnica, com os ingressos de Álvaro González e Lodeiro no meio-campo.
A Inglaterra não mudou em relação à derrota para a Itália. Só recuou Rooney. Mas o alvo da torcida inglesa não era o seu astro. Todos queriam apupar Suárez. Vaias se avolumaram a cada toque na bola do atacante do Liverpool, companheiro de clube de cinco titulares do time de Roy Hodgson. Haja garganta. Porque Suárez tocou muito na bola. Ele cobrava escanteios, faltas, puxava contragolpes…
faixa rei luis suarez uruguai arena corinhtians (Foto: Lucas Rizzatti)Faixa em homenagem a Suáraz com provocação
ao hino da Inglaterra (Foto: Lucas Rizzatti)
Em dois desses escanteios, Suárez quase aprontou. Primeiro, aos três minutos, em que a cobrança na primeira trave quase se transformou em gol olímpico. Mais tarde, aos 26, mudou a tática e bateu o escanteio rasteiro para a marca penal. Cavani emendou de primeira, sobre o poste. Suárez é assim. Imprevisível como todo craque. Mas ele tinha algo a mais. Uma fome a mais. Não aquela fome que o fez morder um adversário do Chelsea na Premier League. Fome de gol. Afinal, quase perdera a Copa pela lesão no joelho.
O único que parecia capaz de desvirtuar o destino redentor de Suárez era Rooney. Entrou em seu nono jogo de Mundial em busca de seu primeiro gol. Em cobrança de falta, deixou Muslera estático e arrancou “uuhhhh” sem fim da torcida. Em outra bola parada, aparou de cabeça um escanteio, na pequena área. A finalização explodiu no travessão.
Mas o destino já tinha seu roteiro para a tarde cinza e fria desta quinta, na Arena Corinthians. Porque, desta vez, Deus está salvando Suárez. E, por tabela, o Uruguai. Em contragolpe perfeito, Lodeiro oferece a bola a Cavani. O atacante do Paris Saint-Germain fez menção de chutar. Como que por força divina, desistiu. Ergueu os olhos sob a cabeleira e alçou com maestria para Suárez. Aos 39 minutos, Luisito voltava a sorrir como não fazia há 29 dias.
Estava tão ansioso em marcar que, após golpear de cabeça e vencer Hart, nem esperou a bola roçar a rede. Misturou todas as comemorações numa só. Emendou com os dedos alguns tiros de revólver por seu apelido “Pistoleiro”, depois beijou a aliança de casado, levou as mãos ao rosto, deitou-se no chão, apontou para o fisioterapeuta Walter Ferreira. Fez de tudo. Chorou. Nada que qualquer outro uruguaio não estivesse fazendo naquele momento. Ao mesmo tempo, Suárez era o cara, mas também era mais um.
Suarez gol Uruguai x Inglaterra (Foto: Reuters)Suárez e a cabeçada certeira para abrir o placar na Arena Corinthians, em São Paulo (Foto: Reuters)
O início do segundo tempo foi avassalador. Parecia que todos os jogadores do Uruguai eram um pouco Suárez. Foram quatro chances claras em seis minutos. Uma delas, com o próprio camisa 9, que se precipitou em chutou para longe. Cavani, no entanto, foi quem errou mais. Após belo passe de González, ficou cara a cara com Hart e colocou com defeito.
A Inglaterra deu o troco logo depois. Em cruzamento rasteiro para a área, a bola se ofereceu a Rooney, sozinho. Melhor que um pênalti. Não melhor que Muslera. Milagre na Arena Corinthians, que chegou a ouvir em certos momentos o grito do dono do estádio: “Timão, êô, Timão êô”...
Rooney gol Uruguai x Inglaterra (Foto: Reuters)Rooney faz primeiro gol em Copas (Foto: Reuters)
Que foi cortado pelos urros ingleses, pedindo pênalti - que não houve - em Sterling. A trupe da terra da Rainha também reclamou do tempo de atendimento a Muslera. Mas em nada poderia se enervar com a parada para atender Álvaro Pereira, que levou uma joelhada no rosto, aos 15 minutos. Ao saber que seria substituído, levantou o dedo, em sinal negativo em direção ao cuidadoso médico Alberto Pan. E não saiu. Em questão de minutos, já estava cabeceando a bola na aplicada defesa charrua.
O esforço de Pereira só não foi maior que a insistência de Rooney. Após três tentativas fracassadas, enfim o camisa 10 conseguiu marcar seu primeiro gol em Copas. Justamente no décimo jogo. Com o gol vazio, completou passe de carrinho de Johnson: 1 a 1. Assim como Suárez, Rooney estava com aquele momento mágico entalado. Faltava tempo para o tanto que queria extravasar. Agradeceu aos céus, sorriu, acabou soterrado de abraços. A massa de branco atrás da meta de Muslera daria tudo para fazer o mesmo. Abraçar Rooney.
Mas quem abraça por último… o faz bem melhor. Suárez não deixaria o protagonismo sair de seu colo. Aninhou no pé direito um balão de Muslera. Porque Suárez não está só comungado com forças divinas. Também é Rei. Tocou, virou ouro. E, mansa, a bola saiu como um foguete para balançar a rede de Hart. Golaço, choro e redenção. Tudo que um uruguaio gosta.
Luis Suarez comemoração Uruguai contra Inglaterra (Foto: Reuters)Êxtase geral da equipe uruguaia com o gol de Suárez que decidiu a vitória celeste (Foto: Reuters)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

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Espanha tropeça novamente e é eliminada da Copa

Tivesse o Maracanã nascido para silêncios, seria possível escutar, depois de Vargas fazer o primeiro gol do Chile, aos 19 minutos do primeiro tempo, o barulhinho de uma bomba-relógio fazendo a contagem regressiva para a implosão da grande campeã do mundo: tic-tac, tic-tac, tic-tac; ou melhor: tik-taka, tik-taka, tik-taka. Com vitória de 2 a 0 na tarde desta quarta-feira, no Rio de Janeiro, o Chile se garantiu junto com a Holanda nas oitavas de final daCopa do Mundo, dinamitou a Espanha e tremeu as bases de uma filosofia de futebol. Mandou o melhor time do planeta dos últimos anos de volta para casa e deu ares de capítulo final ao estilo (encantador para tantos, chato para outros) da Fúria  - o chamado tik-taka, alicerçado em muita posse de bola, em toques curtos e rápidos, em movimentação constante, em trocas de posições.
Com os gols de Vargas e Aránguiz, ainda na etapa inicial, ruiu o tik-taka, ruiu a Espanha, ruíram heróis históricos, como Casillas e Xavi (que nem titular foi). Ruiu Diego Costa, o brasileiro que escolheu defender outra pátria e tentou, em vão, deixar a equipe mais goleadora. É prematuro (até injusto) dizer que a Espanha acabou, que agora ela retoma sua rotina de coadjuvante. Ela deixou um legado e segue com jogadores muitobons. Mas entre a goleada de 5 a 1 para a Holanda na Fonte Nova e a derrota de 2 a 0 para o Chile no Maracanã, algo parece mudar na ordem mundial da bola.
Vargas comemora gol Chile x Espanha (Foto: Reuters)Vargas comemora, espanhóis lamentam: Chile classificado no Maracanã (Foto: Reuters)
O Chile, heroico, histórico, ganhou no campo e nas arquibancadas. Teve o Maracanã todo para si – como se estivesse em Santiago. Milhares de chilenos emocionaram-se ao repetir o gesto dos brasileiros e cantar a segunda parte do hino nacional à capela. Gritaram o tempo todo. Apoiaram sem parar. Agora, buscam um sonho maior, um inédito título mundial. Para isso, tentam passar em primeiro na chave. Decidirão a ponta segunda-feira, contra a Holanda, em São Paulo - um deles, caso o Brasil avance, será o adversário do time verde-amarelo nas oitavas. No mesmo dia, a Espanha, mergulhada em melancolia, enfrentará a Austrália em Curitiba.
O começo do fim
Em idos dos 46 minutos do primeiro tempo, quando das cadeiras do Maracanã começaram a reverberar gritos de “eliminado”, já era possível tirar do campo alguns simbolismos de tamanho fiasco: Iniesta, que magnetiza a bola com os pés, errando domínios; Diego Costa, que tantos gols faz, desperdiçando um chute depois do outro; Pedro, tão frio em decisões, provocando a torcida adversária; Casillas, fortaleza da maior Espanha de todos os tempos, falhando novamente; Xabi Alonso, serenidade em pessoa, dando entradas violentas. É que a Fúria desabou. Ela desmoronou, foi implodida como conjunto, como ideia de futebol, como filosofia. Fracassou o time que tanto encantou; apequenou-se o maior gigante dos últimos anos.
E toda essa percepção coube em tão pouco tempo, na brevidade de 45 minutos iniciais. Avisos não faltaram. Com menos de um minuto, Vargas quase colocou o Chile na frente – e Jara também, em cabeceio assustador logo depois. Mas em seguida a Espanha começou acontrolar o jogo, como faz desde 2008, quando ganhou a Eurocopa e pegou gosto pelos títulos. Deu a impressão de que poderia vencer. Só que talvez aí esteja a explicação central dessa passagem de ciclo da Espanha: de time que dominava por vontade própria a time que passou a dominar por vontade do adversário. Porque o Chile fez o mesmo que a Holanda: combateu o volume com agressividade; enfrentou com ação aquilo que se tornou mera retórica futebolística – correr o tempo todo para lugar nenhum.
O primeiro gol saiu aos 19 minutos, em rápida construção de Sánchez. A bola chegou a Aránguiz, que logo acionou Vargas. Caindo, o atacante desviou de Casillas e fez 1 a 0.
Charles Aranguiz gol jogo Espanha x Chile (Foto: Reuters)Aranguiz chuta de bico para fazer o segundo gol do Chile no Maracanã (Foto: Reuters)
A Espanha pareceu não se abalar. Seguiu jogando em seu estilo: Diego Costa mais fixo na frente, sustentado por três figuras em uma linha pouco atrás: Pedro, a melhor delas, David Silva e Iniesta. Surgiram chances, mas nenhuma delas límpida, e especialmente o atacante brasileiro não soube aproveitá-las.
E aí ruiu de vez o mundo espanhol. Aos 43 minutos, Sánchez bateu falta. Casillas voou na bola e espalmou. Mas para dentro da própria área. Aránguiz, no rebote, de bico, fez 2 a 0. O Maracanã viveu momentos de surto – de puro êxtase para os dezenas de milhares de apoiadores do Chile: os próprios chilenos e os brasileiros, dispostos desde o início a infernizar os (atuais até 13 de julho) campeões mundiais.
Nem em seu pior pesadelo a Espanha poderia imaginar que seria tão visitante no Brasil...

Adeus à campeã
O segundo tempo serviu apenas para confirmar a despedida da campeã. A Espanha tentou reagir. Não é um time acostumado a perder, afinal. Mas em vão. As entradas de Koke no lugar de Xabi Alonso e depois de Fernando Torres na vaga de Diego Costa foram apenas acessórios em uma tarde toda voltada para a glória chilena. A vaia que o brasileiro levou ao ser substituído foi uma agulhada no tímpano – de tão forte. Que péssima Copa ele fez...
O Chile poderia ter ampliado. Encaixou contra-ataques perigosíssimos, como a Holanda fizera na goleada de 5 a 1, mas foi menos hábil na conclusão. A Espanha também teve chances, em especial uma com Busquets, que, vá saber, poderia ter mudado o destino do jogo. Quase dentro do gol, ele chutou para fora.
O resto foi espera: cantorias, gritos de olé, humilhação para uma Espanha tão habituada a ser melhor que todos. E o barulhinho do relógio sempre presente, tic-tac, tik-taka, tic-tac, tik-taka, anunciando o adeus a uma equipe que entrou para a eternidade espanhola, que foi lendária, mas que uma hora teria que se reinventar.
Pois a hora chegou.
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Holanda vence Austrália e se classifica

Quem disse que seria fácil? Para quem goleou a atual campeã mundial Espanha por 5 a 1 na estreia, foi um sofrimento muito maior que o esperado contra a Austrália, nesta quarta-feira, no Beira-Rio. Em um jogo de igual para igual, os Socceroos foram para cima e quase frearam o embalo da poderosa Holanda. Mas a Laranja Mecânica se reencontrou no fim, e Robben, Van Persie e Memphis Depay quebraram um tabu de nunca terem derrotado o rival - foi o quarto confronto entre eles, o primeiro em Copas do Mundo. Cahill, com um golaço, e Jedinak, de pênalti, puseram os gols australianos no marcador, que acabou em 3 a 2 para os holandeses.

Diante de muita festa dos 42.877 presentes, entre eles a família real holandesa, com o rei Willem Alexander e a rainha Máxima Zorreguieta, os europeus garantiram na vaga nas oitavas de final do Mundial. A classificação foi selada com a derrota da Espanha diante do Chile, um pouco mais tarde, no Maracanã. Já a Austrália viu qualquer chance se encerrar. Na próxima rodada, a Holanda enfrentará o Chile na Arena Corinthians, em São Paulo, às 13h da próxima segunda-feira. O duelo vale o primeiro lugar do Grupo B. Já a Austrália encara no mesmo dia e horário a Espanha na Arena da Baixada, em Curitiba.
Desta vez não houve problema no sistema de som. Enfim, o Beira-Rio foi batizado com a execução dos hinos nacionais em uma Copa do Mundo. Uma cerimônia que teve os torcedores que lotaram o estádio todos de pé e cantando a plenos pulmões e muitos aplausos. De arrepiar australianos, holandeses e também os brasileiros, maioria colorados, que deram continuamento aos cânticos com gritos de "vamos, vamos, Inter" em alto e bom som. Uma espécie de terceiro hino à capela dos donos da casa para encerrar o batismo.
Brilho de Robben ofuscado por pintura de Cahill
Mister simpatia holandês no Brasil, Van Persie confirmou a lua de mel com a torcida e foi o mais ovacionado desde que apareceu no telão durante o anúncio da escalação. A boa fase dele ganhou até o cara e coroa na hora de escolher bola ou campo. Mas quem disse que seria fácil? No jogo em si o camisa 9 desta vez não brihou. E enquanto o ataque holandês errava, o australiano dava trabalho. Cahill apertou duas bolas recuadas para o goleiro e por pouco não a roubou. Leckie e Bresciano também se entendiam bem perto da área e complicavam a defesa europeia.
Holanda x Austrália -  Memphis Depay e Van Persie (Foto: Reuters)Memphis Depay e Van Persie celebram um dos gols da Holanda (Foto: Reuters)
Os Socceroos começaram melhor. E a torcida brasileira presente apoiou e começou a vaiar os holandeses. Só que quando o time errava passes e lançamentos, as vaias eram ainda maiores. O público em geral não perdoou as falhas, reclamou a cada erro. De certo, os fãs queriam ver o espetáculo que a Laranja Mecânica deu na estreia para pessoas que pagaram o mesmo valor que eles pelo ingresso. Com a Holanda, Van Persie e Sneijder pouco inspirados, a esperança caiu nos pés do velocista Robben.
Dono de arrancadas de causar inveja até a Usain Bolt, o atacante foi o mais perigoso realmente. Quando deu o pique para cima de Wilkinson deixou o zagueiro comendo poeira. Mas se enrolou com as próprias pernas e acabou perdendo o que seria a primeira chance de perigo do jogo. Vaias para ele minutos antes dos aplausos. Na segunda oportunidade ele foi o velho Robben que o mundo conhece, fintou o mesmo Wilkinson com o corpo, ganhou na corrida e bateu na saída do goleiro, aos 19. Foi o terceiro gol do camisa 11 em dois jogos.Placar de 1 a 0 e um comentário na arquibancada: "Agora já valeu o ingresso".
Mal sabia este torcedor que o bilhete valorizaria mais um minuto depois. McGowan lançou nas costas da dupla de zaga na área, e Cahill pegou de primeira. Um foguete que passou pelas mãos de Cillessen, carimbou o travessão e caiu dentro do gol. Golaço que até os holandeses, pertinho da jogada, devem ter tido vontade de aplaudir. Já Robben ficou uma fera no meio de campo. E poderia ter ficado pior para a Holanda. Bresciano apareceu livre numa sobra de bola e encheu o pé por cima da baliza. O zagueiro Spiranovic também surgiu sem marcação num cruzamento na área, mas errou a conclusão. Quem disse que seria fácil?
Momento de apreensão interrompe festa da torcida
Com 49% de posse de bola, os Socceroos fizeram frente para a poderosa Holanda e despertaram até os gritos de "olé". Mas o clima de festa, com direito a duas olas seguidas, foi interrompido abruptamente no fim. Cahill entrou com muita vontade numa dividida com Bruno Martins Indi, que levou a pancada e a pior. Bateu com o rosto na queda, ficou desacordado e precisou ser retirado de maca da partida. Memphis Depay foi chamado às pressas para substituir seu companheiro. O clima de apreensão foi tanto que até o técnico Van Gaal entrou em campo para tentar acudir seu jogador, e o público ficou em silêncio nos minutos finais de bola rolando.
Cahill levou amarelo pela falta e ficou suspenso para a partida contra a Espanha. Quem também não vai jogar na última rodada do Grupo B será Van Persie. O cartão por deixar o braço no rosto do adversário simbolizou a atuação ruim do atacante até aquele momento.
Holanda x Austrália -  Mile Jedinak (Foto: Getty Images)Mile Jedinak bate o pênalti. Àquela altura, a Austrália vencia o jogo (Foto: Getty Images)
Diferente de Van Gaal, o técnico Postecoglou ficou em pé o jogo inteiro. Nervoso. Afinal, uma segunda derrota poderia significar a eliminação da equipe. Resolveu mexer logo no começo do segundo tempo. Colocou Bozanic no lugar de Bresciano e deu certo. Na primeira jogada, foi ao fundo e viu sua tentativa de cruzamento pegar na mão de Janmaat. Pênalti marcado sob muita reclamação holandesa. O capitão Jedinak converteu com muita categoria e virou o jogo para a Austrália aos nove minutos. Vibração efusiva no gramado e na arquibancada. Quem disse que seria fácil para a Holanda?
Van Persie acorda a Laranja Mecânica
Até então apagado, Van Persie precisou acordar para acordar o próprio time. O camisa 9 recebeu na área se aproveitando de uma linha de impedimento errada da defesa e, num lampejo, acertou o chute para deixar tudo igual de novo aos 12 minutos. Aí o jogo esquentou. Cahill, antes de ser substituído por Halloran, interceptou um passe no ataque, abriu para Oar cruzar do fundo, mas De Vrij cortou de cabeça para consertar a bobagem holandesa. Depois, em outro roubada de bola, Bozanic cruzou para Leckie livre na segunda trave, mas ele quis tentar um golaço de peito e acabou recuando para o goleiro. Faltou usar a cabeça, literalmente.
E a punição aconteceu logo no lance seguinte. Substituto de Bruno Martins Indi, Memphis Depay se aproveitou da liberdade na intermediária australiana e chutou no cantinho. Contou ainda com a cooperação do goleiro Ryan, estreante em Copas do Mundo, para virar o jogo de novo para a Holanda, aos 23. O carrossel holandês, enfim, reviveu seus melhores momentos da estreia e criou ótimas chances com De Jong e Robben. Só faltou caprichar na finalização.
Nos minutos finais, Van Gaal colocou Lens em campo - atacante que treinou entre os titulares na véspera da partida, mas não passou de um blefe do treinador. Van Persie saiu, sob algumas vaias. Mas Lens não teve tempo para fazer nada. E a Austrália também não. Os Socceroos sentiram o golpe como um pugilista no ringue. Tão perto da vitória, a derrota saiu mais cara do que encomenda para um time que lutou muito em campo. Os holandeses agradecem, mesmo não tendo sido fácil.