sábado, 12 de julho de 2014

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Brasil cai diante da Laranja Mecânica e descepiciona mais uma vez milhões de brasileiros

Não foi o desastre da última terça-feira, mas passou bem perto. A Seleção voltou a sofrer uma pane técnica, tática e emocional, tomou dois gols em 16 minutos, o primeiro deles aos dois, e encenou o último ato da Copa em casa com mais uma derrota. Sem balançar a rede do adversário há 240 minutos na Copa do Mundo, a Holanda se aproveitou das falhas do Brasil e dos erros da arbitragem para fazer 3 a 0 e ficar com o terceiro lugar.
Dessa vez, o adversário abriu o placar antes mesmo da Seleção conseguir ter a posse da bola. Depois de apenas dois cortes de cabeça para a lateral e trocas de passes sem perder o domínio, a Holanda abriu o placar em pênalti mal marcado pelo árbitro argelino Djamel Haimoudi de Thiago Silva em Robben (a falta foi fora da área) e convertido por Van Persie. Ampliou aos 16, em rebatida errada de David Luiz que Blind converteu. E selou mais um vexame em verde-amarelo quando boa parte dos 68.034 torcedores presentes ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, gritava olé, aos 46 do segundo tempo, com Wijnaldum.

Agora, é mirar 2018. Até a Copa da Rússia, a Seleção precisa se reencontrar. Em setembro, joga dois amistosos nos Estados Unidos, contra Colômbia e Equador. Em outubro, dia 11, tem o desafio do Superclássico das Américas, no Estádio Ninho do Pássaro, em Pequim. O adversário é a Argentina, finalista do Mundial - que enfrenta a Alemanha, neste domingo, no Maracanã, às 16h (de Brasília).
No meio do caminho até a Copa de 2018, o Brasil tem de novo pela frente o sonho de conquistar a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, com uma equipe sub-23, podendo ser reforçada por três jogadores mais velhos. Chance e tanto para mais uma renovação, a mesma que não deu tão certo em 2014. Resta saber ainda se quem continua à frente do projeto na CBF é Felipão, muito questionado após os dois vexames finais no Mundial.
David Luiz Brasil x Holanda (Foto: Reuters)Caído, David Luiz é a imagem da seleção brasileira no fim da campanha da Copa (Foto: Reuters)
Falta de eficiência ofensiva, de novo
Escalada desde o início com Maxwell na lateral-esquerda e Jô no comando do ataque, nas vagas de Marcelo e Fred, a Seleção entrou em campo com um meio de campo povoado por três volantes: Luiz Gustavo, Paulinho e Ramires. Para o setor criativo, apenas Oscar. O resultado foi que a primeira finalização saiu apenas aos 20 minutos, quando o placar já marcava 2 a 0. O camisa 11 arriscou de fora da área, mas Cilessen não precisou se esforçar muito para fazer a defesa.
Do outro lado do campo, Luiz Gustavo sofreu com as arrancadas de Robben no primeiro tempo. Sem conseguir se achar em campo, a Seleção só voltou a assustar a Holanda mais uma vez, aos 37, quando o volante cruzou rasteiro na pequena área, David Luiz e Paulinho pularam, mas não alcançaram para completar.
Thiago Silva ouve Neymar jogo Brasil x Holanda (Foto: Reuters)Neymar e Hulk orientam o capitão Thiago Silva:
desencontro na seleção brasileira (Foto: Reuters)
Com Neymar lesionado no banco de reservas, dando força para os companheiros e até ajudando nas orientações, chamou a atenção de novo a falta de poder ofensivo da Seleção. Municiado novamente por chutões da defesa, o ataque foi nulo.
Na volta para o segundo tempo, Felipão trocou Luiz Gustavo por Fernandinho. Mas o volante pouco fez além de ser punido com um cartão amarelo logo aos oito minutos, por falta em Van Persie. O problema era tamanho que Scolari fez mais uma substituição no meio de campo, aos 11, tirando Paulinho e colocando Hernanes.
Ramires chegou perto de fazer o gol, aos 13, num chute de fora da área. O lance mostrou mais uma vez a falta de força do Brasil no ataque. Numa última tentativa, Felipão trocou o volante do Chelsea por Hulk. Mas, assim como Fred, o substituto Jô continuou recebendo poucas bolas.
Georginio Wijnaldum gol jogo Brasil x Holanda (Foto: Reuters)Wijnaldum comemora o terceiro gol da Holanda: desfecho de campanha (Foto: Reuters)
Aos 40, a paciência da torcida terminou de vez. Os gritos de olé começaram a ecoar. E a Holanda deu o golpe de misericórdia. Aos 45, Wijnaldum recebeu cruzamento da direita e, com muito espaço, finalizou de primeira. Foi o 14º gol sofrido pela Seleção na Copa, e Julio César ficou marcado como o goleiro brasileiro mais vazado em Mundiais, superando em três Taffarel, presente em 18 partidas em 1990, 94 e 98 - o atual titular ficou no banco em 2006 e disputou todas as 12 partidas em 2010 e 2014.
Ainda deu tempo para Van Gaal colocar em campo o segundo goleiro reserva, tirando o titular Cillessen e botando Vorm e completando pela primeira vez na história das Copas a utilização por uma seleção dos 23 jogadores convocados. Do lado do Brasil, Felipão só não deu chance a Victor e Jefferson.
Brasil derrota jogo Holanda (Foto: AP)Scolari acompanha os jogadores da Seleção para fora do campo após a derrota (Foto: AP)

quinta-feira, 3 de julho de 2014

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Felipão parte para o ataque, detona críticos e volta a provocar Van Gaal

Após eliminar o Chile no Mineirão, Luiz Felipe Scolari afirmou que o Brasil estava sendo "cordial demais" e prometeu retomar seu estilo "mais agressivo". Pois na véspera das quartas de final, contra o Colômbia, Felipão foi para o ataque em entrevista coletiva na Arena Castelão, em Fortaleza, nesta quinta-feira.
Praticamente todas as perguntas feitas foram interrompidas antes de serem concluídas. O treinador voltou a rebater informações do encontro reservado com seis jornalistas - a quem Felipão chamou de "meus amigos" - na última semana, na Granja Comary. Na ocasião, foi revelado o desejo do treinador de trocar um dos 23 convocados. A princípio, Felipão concordou, para, logo em seguida, tentar contextualizar.
- Sim... Não, não trocaria. Não foi isso que eu disse. O que eu disse é que, neste momento da competição, se eu pudesse acrescentar um jogador com características para mudar o time, eu faria. Se você perguntar, todos os técnicos da Copa gostariam de fazer essa mudança. Mas porque seria no quinto jogo. Se fosse noprimeiro jogo não haveria esse desejo de mudança. E claro que para acrescentar uma peça eu teria que tirar outra.
As respostas mais duras foram contra os que criticaram o estado de nervos da seleção brasileira.
- Vocês estão errados nas interpretações. Parem de achar que [Regina Brandão, psicóloga], só vai lá em determinada hora. Nós vamos passar, e ela vai lá de novo, no domingo ou na segunda. Está tudo planejado. Eu vejo que escrevem maldades, que alguns colegas psicólogos se aproveitam da situação. 
O técnico ironizou os outros jornalistas que não foram convidados por ele para uma conversa privada na Granja Comary no início da semana.
- Não tenho como descer para conversar comtodo mundo. Tem alguns que são mais meus amigos, gosto mais, e vou fazer isso, como fazia em 2002 no Japão, sentava com 7, 8 ou 10 e conversava. Quem não foi convidado é porque quem sabe eu não goste tanto ou porque eu não queria conversar. Não pode existir ciúme de homem, pelo amor de Deus, é brabo!
Em outro momento, Felipão afirmou que "adorou" a conversa e que gostaria de repetir a experiência depois que eliminar a Colômbia nas quartas de final - mas agora com jornalistas mulheres.

- Só mulher agora, chega de homem! No sábado ou no domingo, estão convidadas, vão sentar comigo e dizer a perspectiva das mulheres. Sempre fiz isso. Eu vou fazer as coisas do meu jeito. Não gostou? Vai para o inferno.
O técnico da Seleção Brasileira voltou a cutucar seu colega da Holanda, Louis Van Gaal, que na primeira fase havia afirmado que o Brasil "podia escolher o rival" das oitavas de final. Numa longa resposta sobre os jogos equilibrados da Copa, Felipão disparou:

- Cinco das oitavas de final terminaram na prorrogação ou nos pênaltis. E um deles não foi porque o time dele, do senhor que disse ter um complô para o Brasil, foi ajudado - afirmou.
Era uma clara referência ao pênalti marcado sobre Robben na partida entre México e Holanda, que venceu por 2 a 1 graças a este gol, convertido nos instantes finais da partida.
FRAME - Felipão Scolari Brasil coletiva (Foto: Globoesporte.com)Felipão com a expressão contraída durante a entrevista coletiva: treinador rebate as críticas (Foto: Globoesporte.com)

Sobrou até uma farpa para Mano Menezes, seu antecessor no cargo de técnico da seleção brasileira.
- O Thiago Silva falou para mim; "O jogo que nós empatamos, lá nos Estados Unidos…". Mas eu não joguei contra esse time! Não era eu o técnico! Lá foi 1 a 1. Eu não era o técnico, o que posso falar por mim é que gosto de ver a Colômbia, qualidade técnica, nada diferente do meu time.
Momentos mais tarde, questionado se o Brasil mantinha a condição de favorito levantada pelocoordenador técnico Carlos Alberto Parreira antes da Copa, foi enfático:
- Continua (com a mão na taça). Os jogadores continuam com o mesmo discurso. O Parreira foi muito feliz naquelas declarações e segue tudo igual. Estamos no quinto passo. São sete. Conversei com o Paulinho, e ele me garantiu que não tem problema nenhum com pressão. Eles estão acostumados.